Lamento marítimo

Estendo ao comprido a vela rota, sentado a meio-navio 

Contando os buracos, a vontade fundeada no instante. 

A noite emoldura em breu e relento, 

A face da Lua tatuada no tempo, 

Irmanada da minha em quarto minguante.

O vento tem nele o cheiro da cinza morna 

De fogueiras a arder em enseadas distantes. 

Do calor que emanam, nenhum bastou. 

Aqui todas as lembranças são mágoas 

Reflexos quebrados na superfície das águas 

Que ora matam, ora embalam os mortos.

Comentários

BookOwl disse…
Está lindo...
Anónimo disse…
Esta tua relacao com a lua, gosto pela noite quando todos os gatos sao pardos, quando pouco se distingui.. queria eu gostar mais disto do que gosto do sol, do dia, quando tudo se torna claro e duramente distinguivel.

De qualquer forma.. gostei do texto.(como de ti "chico")