Cinzas em brasa
Que ganha novo fôlego a cada arquejar da alma nua
E que arranca as sombras do que sobra de mim pela rua
E as faz latejar contra as paredes sujas das casas.
Como se na corrente que se orienta ao arrepio da vida,
Houvesse uma inflexão, uma fatalidade interrompida,
E me encontrasse perdido do lado de fora de um labirinto..
Nenhum olhar perscrutante, nenhum auspício, nenhum ensejo...
A noite condensou em mim um mar crispado de desejo,
Perpetuando-se na infinita tristeza de um Agora ausente.
Há uma distância óbvia entre a copa das árvores e o céu,
Mas eu também não reclamo nenhum deles para meu:
A copa das árvores são ramos finos e o céu nem ramos tem.
Há uma luz assim, tal qual a da Lua:
Calor não tem, e o brilho é alheio..
Nas lâminas de erva esquecida nas valetas
Mil olhos orvalhados seguem-me os passos..
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