Paisagens

ideias como um prado de lâminas dóceis, erguidas ao redor de um céu tingido por tons de carmesim, onde numa estrada desfeita em pedras desfeitas em pó tombado sobre uma estrada perdida em si, a chuva vai descendo sobre uma estátua heteromorfa que se queda também ela chorando sem se aperceber


a seus pés, um vaso quebrado entorna a plenitude feita do mesmo vácuo que abraça as estrelas que o enfeitam, pelas entranhas vazias de um deserto dorido de suportar a vastidão do seu próprio horizonte, na serena melancolia do traço vertido pela caneta latejando à distância segura de um braço preso a alguém habituado a esperar pela altura certa de cometer um erro


o fôlego rasteiro que emana da areia marca a fronteira entre a certeza sujeita à gravidade e o sonho sujeito ao engano, ludibria os sentidos e gera vícios belicosos como estrume fertizante num terreno em poisio conquistado primeiro pelas raízes e depois pelas hastes das silvas cravejadas que consumam a distância que separa a crueza da terra da memória do céu

do cheiro da chuva resta, apenas o bolor e o mofo, entranhados no mármore..

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