Amusia

Dias nascidos sem que nada em mim os suporte: 
Nebulosos preâmbulos risíveis, 
meras sombras de agulhas retortas, 
que cismam em apontar em mim o desnorte. 

Cada crepúsculo é um lúgubre oráculo 
repleto de finais previsíveis. 
E eu penso-me, distendido e quedo, envolto pelas calmias fungíveis dos teus suspiros mornos, 
Ó Melancolia! - minha doce e eterna consorte, 
meu incenso suave de um falso segredo. Vem.. 
Amputar de mim estas raízes podres de morte! 

Aliviar-me destas amarras lassas de medo! Vem.. 
e eu prometo que me atiro do alto desta ideia de triste sossego 
para os braços suaves suspensos no vento brando desse teu falso enlevo.. 

Não haver uma mortalha com palavras nela rasgadas de mim, exangue, 
e poder ser eu esse trapo a sangrar.

Comentários

Anónimo disse…
Belo mas tão triste! Quase desesperado. A poesia é, por vezes, uma catarse.
Bjs