Jardim dos desenganos

Os teus cabelos são um pomar com todas as flores abertas deixadas tombar em cascata pelos ombros, enquanto o despertar ígneo dos nervos atiçados pela humidade cálida de cada exalação nos funde.

A pele educada pela ansiedade sabe como esperar a altura certa de sentir os dedos que deixamos escorrer pelo corpo, como murmúrios sinuosos à deriva nas correntes de suor que os levam, vezes sem conta, até à foz do desejo.

Os teus lábios de carmesim em ferida são a expressão de uma agonia que contrasta com o que consentem.

O tempo estanca.. como faz de cada vez que deixa de fazer sentido, e eu sei, que os únicos segredos que restam estão algures espalhados pelo chão, esquecidos, por entre a roupa e o medo.

Comentários

Daniel Marinha disse…
É bom saber-te por cá, Erm. Obrigado pelo comentário. O título é normalmente a parte mais curiosa do processo de escrever. Este foi um dos casos. Ainda bem que gostaste. Volta mais vezes. Diz mais coisas.. Parece um slogan, mas não é. Bj