Jardim dos desenganos
Os teus cabelos são um pomar com todas as flores abertas deixadas tombar em cascata pelos ombros, enquanto o despertar ígneo dos nervos atiçados pela humidade cálida de cada exalação nos funde.
A pele educada pela ansiedade sabe como esperar a altura certa de sentir os dedos que deixamos escorrer pelo corpo, como murmúrios sinuosos à deriva nas correntes de suor que os levam, vezes sem conta, até à foz do desejo.
Os teus lábios de carmesim em ferida são a expressão de uma agonia que contrasta com o que consentem.
O tempo estanca.. como faz de cada vez que deixa de fazer sentido, e eu sei, que os únicos segredos que restam estão algures espalhados pelo chão, esquecidos, por entre a roupa e o medo.
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